Eis-aqui a Serva do Senhor: Solenidade da Anunciação do Senhor
Nove meses antes da celebração do Natal a Igreja celebra, a 25 de março, a Solenidade da Anunciação do Senhor. Sobressaem nesta solenidade dois pontos principais: é a inauguração da entrada do mistério de Deus (seu Filho Jesus Cristo) no mundo e ao mesmo tempo, pela obediência de Maria, a desobediência da humanidade em Adão chega ao fim.

Maria, tenda viva da presença de Deus
O Evangelho de São Lucas é o que apresenta melhor o rosto da Mãe de Cristo ao preocupar-se em narrar os acontecimentos que cercam a vocação da Virgem de Nazaré e a grandiosidade do nascimento do “fruto do seu ventre” (cf. Lc 1,26-38). Como que por analogia a presença de Deus no Antigo Testamento, em Lucas “Maria aparece como a tenda viva de Deus, na qual Ele quer habitar, de um modo novo, no meio aos homens”.[1]
Agraciada de Deus
Na perspectiva de discipulado de Lucas, Maria também tem seu momento vocacional: na anunciação é posta diante de um projeto – o projeto de Deus – que vai além de seus interesses pessoais. O anjo que lhe é enviado como portador do convite do Altíssimo é Gabriel, o mesmo que anunciara antes a Zacarias o nascimento de João Batista. No entanto, chama atenção a saudação do Anjo: “cheia de Graça” ou “agraciada”, já que Maria de Nazaré “não dispõe de nenhum título de nobreza. Ela é a mulher “agraciada” aos olhos de Deus e tal expressão carrega o significado e conteúdo da vocação de Maria de Nazaré.
Serva do Senhor
Maria, como discípula, é a mulher obediente: ouve o anúncio do anjo e acredita no projeto de Deus dando seu consentimento por meio do “Eis aqui a Serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra” (cf. Lc 1,38), e “com essas poucas e simples palavras realizou-se o maior e mais decisivo ato de fé na história do mundo”.[2]
Com alegria contemplamos o mistério do Deus Todo-Poderoso, que na origem do mundo cria todas as coisas com sua Palavra, porém, desta vez escolhe depender da Palavra de um frágil ser humano, a Virgem Maria, para poder realizar a Encarnação do Filho Redentor.
“Ó Deus, quisestes que vosso Verbo se fizesse homem no seio da Virgem Maria; dai-nos participar da divindade do nosso Redentor, que proclamamos verdadeiro Deus e verdadeiro homem. Por nosso Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo”.
[1] RATZINGER, J., A infância de Jesus. São Paulo: Planeta, 2012, p. 32.
[2] CANTALAMESSA, R., Maria, um espelho para a Igreja. Aparecida, SP: Santuário, 1992, p.33.