
“Dai graças ao Senhor, porque Ele é bom! Eterna é a sua misericórdia” (Sl 117). De fato, ao contemplarmos a grandeza do sacerdócio, não pode haver outro clamor em nossos corações a não ser este: damos graças a Deus de bondade pois ele derramou sobre a humanidade inteira a graça da misericórdia infinita e “com misericórdia elegeu” homens para o santo serviço do altar. Sacerdote, retirado do povo, para o povo – A carta aos Hebreus recorda que “todo sumo sacerdote, tirado do meio dos homens, é constituído em favor dos homens nas coisas concernentes a Deus”. Veja: o padre foi retirado do meio do povo! Ou seja, do solo sagrado de uma comunidade Deus o chamou! Foi constituído ministro do Senhor para “oferecer dons e sacrifícios pelos pecados”. Nunca se pode esquecer que o padre é constituído ministro em favor dos homens sim, mas “nas coisas concernentes a Deus”. O que é o padre senão o homem perito nas coisas de Deus?
Sacerdote, homem da misericórdia – A carta aos Hebreus continua: “a sua função é oferecer dons e sacrifícios pelos pecados. É capaz de ter compreensão por aqueles que ignoram e erram, pois também ele mesmo está rodeado de fraquezas”. O sacerdote é o homem da misericórdia! No confessionário haverá de tocar o solo sagrado e ferido do coração de tantos homens e mulheres, dilacerados pelos pecados, as vezes bem menores que os próprios pecados! Naquele momento o sacerdote é ponte entre o céu e a terra, entre a misericórdia infinita de Deus e o coração dolorido do penitente! Como o samaritano, também o sacerdote é chamado a se aproximar e curar as feridas da alma com o azeite do Espírito do amor de Deus, fazendo isso porque o “sacerdote é o amor do Coração de Jesus”.Deus “olhou com misericórdia e o elegeu”. Também o sacerdote é rodeado de fraquezas. No entanto, mesmo sendo um instrumento insuficiente, Deus, por misericórdia o escolhe e derrama sobre ele a graça da unção para ser no mundo testemunha da bondade do Senhor.
Sacerdote homem da Eucaristia – Tomé era chamado Dídimo. Por ironia, Dídimo significa “o que nasceu do mesmo parto”, ou seja, gêmeo. Todos nós, inclusive os sacerdotes, somos “gêmeos” de Tomé na pequenez de nossa fé. Ainda mais os que, tão de perto, tocam os mistérios de Deus. Tomé duvidava e queria tocar as chagas de Jesus. Na celebração da Missa o padre pode repetir este gesto do Apóstolo quando, pela imposição das mãos e pela voz, mais uma vez Deus se fizer presente na terra! Como é impressionante o fato de que, a partir da ordenação, o Cristo Jesus obedeça a voz do consagrado para o Espírito Santo descer e santificar as espécies do pão e vinho. Neste sublime momento da consagração, mais uma vez, como Tomé, o sacerdote pode tocar o lado aberto, o coração ferido de amor de Nosso Senhor. O sacerdote é o homem da Eucaristia! Deus se utiliza de sua fraqueza para realizar o maior de todos os milagres que pode haver na terra! Isso é não motivo de vaidade, mas de profunda humildade, pois o padre é apenas a ponte que liga as duas margens do rio, ou o farol que ilumina a noite escura, sendo que a luz é o próprio Deus. Se somos “gêmeos” de Tomé na incredulidade, sejamos também na fé que ele professa: “meu Senhor e meu Deus!”
Sacerdote, homem da Palavra - “Ide pelo mundo inteiro e anunciai o Evangelho a toda criatura”. Nos Atos dos Apóstolos vemos as palavras e obras de Pedro, o mesmo discípulo fraco na fé, que negou Jesus por três vezes, agora inflamado pelo Espírito Santo e capaz de anunciar Jesus a multidão de Jerusalém! O sacerdote é também o homem da Palavra de Deus, profeta que empresta os lábios para que Deus fale através dele para que “cresça sempre mais o número daqueles que aceitam a fé! ”.
Sacerdote, filho de Maria – Por fim, não podemos deixar de lembrar as palavras de Deus ao profeta Jeremias: “antes que no seio fosses formado, eu já te conhecia. Antes do teu nascimento eu já te havia consagrado e te havia designado profeta das nações! ”. O sacerdote nunca pode se esquecer que foi gerado no ventre de uma mãe. Os pais geram para a vida, a Igreja gera para o ministério! O sacerdote não pode se esquecer nunca que é um filho amado de Nossa Senhora! Aos pés da cruz, na pessoa de João, o discípulo amado, estávamos todos nós batizados, e de forma ainda mais especial os sacerdotes! Louvamos e agradecemos a Deus de bondade, fonte da vida e rico em Misericórdia, que continua a enviar operários para sua messe! O Padre é homem da misericórdia, da Palavra, da Eucaristia e filho de Nossa senhora. Como diz uma antiga canção “sacerdote sal da terra, sacerdote Luz Mundo, assim falou Jesus. Sacerdote em vão procuro outra missão maior do que a tua, maior do que a tua é só o próprio Deus! ”. Que assim seja!
Padre Renato Oliveira