Epifania do Senhor
Leituras: Is 60,1-6 / Sl 71 / Ef 3,2-3a.5-6 / Mt 2,1-12
“As nações de toda terra, hão de adorar-vos ó Senhor!” Sl 71

Neste domingo celebramos a Epifania do Senhor. Na noite santa do natal, na pequena gruta de Belém apenas Maria, José, os animais e alguns humildes pastores testemunharam o momento que Deus feito homem cruzou os umbrais do portal da humanidade. Agora, o mistério “que Deus não fez conhecer as gerações passadas” (Ef 3,5) é revelado a todas as gerações, a todos os povos, desde o oriente até o ocidente, representados nos magos do Evangelho.
A cidade de Jerusalém, construída no alto do monte Sião, conservava um privilégio: as construções de pedras brancas, à luz do sol da manhã, resplandeciam e brilhavam de forma intensa. No entanto, após o exílio, a cidade na qual o profeta Isaías profetiza na primeira leitura não conserva mais o brilho de antigamente, mas está praticamente deserta e com uma população pobre que precisa reconstruir a cidade, suas praças e seu templo. O povo está desanimado e sem esperança.
No entanto, Isaías lembra ao povo das promessas de Deus. Ele mesmo vai trazer a salvação definitiva para o povo: uma luz nunca antes vista, mais resplandecente que a luz do sol ao bater nas pedras da cidade (Is 60,5). O brilho será tão grande que haverá de atrair os olhares dos povos vizinhos para o pequeno e esquecido povo de Judá (Is 60,6). É um embate eterno entre a Luz de Deus e as trevas do pecado. E hoje, quais as trevas que precisam ser iluminadas pelo Messias?
Tudo que Isaías prometeu ao povo é cumprido no texto do Evangelho, que se trata de uma catequese de São Mateus direcionada ao povo Judeu em que podemos destacar três elementos. Primeiro insiste em dizer que a cidade é Belém. Fala disso três vezes (v. 1,5,8). Esta é a cidade de Davi, o grande Rei do povo de Israel. Jesus é da mesma cidade e descendência de Davi. Segundo elemento é a estrela. A tradição judaica anunciava o Messias como uma estrela que surge no meio de Jacó (Nm 24,17). É a estrela que atrai os povos estrangeiros. Em terceiro lugar se destacam os Magos, que representam os povos estrangeiros citados por Isaías que se põem a caminho de Jerusalém com seus tesouros.
No Evangelho há também um paradoxo, duas atitudes frente o Messias: Herodes e Israel rejeitam o Messias, ficam perturbados (Mt 2,3) enquanto os pagãos adoram o Mistério de Deus (Mt 2,11). Fica a pergunta: e você, de que lado está?
Por fim, São Paulo fala sobre o Mistério de Deus que se revela. É o mesmo Mistério profetizado e esperado na primeira leitura e que foi revelado no Evangelho. A novidade é que também os pagãos são admitidos à mesma graça e associados à mesma promessa (Ef 3,6).
A celebração da Epifania é a certeza de que Deus, imenso em seu mistério, consegue a cada momento surpreender a humanidade fazendo-se pequeno e revelando sua bondade a todos os povos. No entanto, o mistério revelado precisa ser testemunhado com uma vida vivida na luz que ilumina os povos. Pe. Renato Oliveira