
O mês de outubro é dedicado às missões. O Documento final da Conferência de Aparecida(DA) lembra que todo cristão deve ser um “discípulo missionário”. Mas o que isso significa?
Discípulo quer dizer “seguidor”, ou seja, alguém que tem e segue um mestre. Era comum no tempo de Jesus as pessoas pagarem um mestre famoso para lhes ensinar a sabedoria. No entanto, não são os discípulos que escolhem Jesus, mas é o mestre quem chama aqueles que Ele quer. O discípulo é, antes de tudo alguém escolhido para fazer uma experiência de amor com Jesus. Nesse processo de intimidade vai, aos poucos, criando uma intimidade com o Senhor e Mestre, fruto de um encontro pessoal que se inicia no Batismo: ponto de início de toda espiritualidade cristã que se funda na Trindade. Desse modo “Deus nos atrai por meio da entrega Eucarística de Seu Filho” (DA 241).
É preciso notar que “não se começa a ser cristão por uma decisão ética ou uma grande ideia, mas através do encontro com um acontecimento, com uma Pessoa, que dá um novo horizonte à vida e, com isso, uma orientação decisiva” (DA 243). Quando o mestre chama, chama para fazer uma experiência nova e definitiva! E chama para que? Para que, a partir da experiência de intimidade com Ele, sejamos enviados em missão. Apóstolo significa “enviado”. Os seguidores de Jesus eram discípulos ou apóstolos? Na verdade, no Evangelho, aparecem os dois termos (Mc 3, 13; Lc 6, 12-13; Mt 10,1-2; Jo 2,1; Mt 26, 20; Mc 14, 14; Lc 22, 14). O fato é que não se pode ser Apóstolo sem ser discípulo. E não tem sentido ser discípulo se não se tornar Apóstolo. Ou seja: não posso seguir Jesus se não for enviado em missão, nem posso ser enviado em missão se antes eu não me tornar discípulo Dele. O seguimento está em vista do envio.
A missão não é um simples apêndice na vida da Igreja. Ao contrário, a Igreja nasceu missionária e foi justamente por isso que, pela força do Espírito Santo, pelo testemunho dos apóstolos e mártires ela chegou aos quatro cantos da terra. A missão está, por assim dizer, no DNA da Igreja. Todo aquele que foi batizado deve, portanto, ser um missionário.
Mas ao contrário do que muitos pensam, evangelizar não se trata apenas de ir para uma terra distante anunciar o Evangelho a pessoas que não conhecem Jesus. Há uma missão bem mais árdua, desafiadora e necessária: evangelizar os que Cristãos que foram batizados, mas que ainda não se converteram, isto é, ainda não abraçaram a fé de verdade. São aquelas pessoas lá da sua casa, do seu trabalho, da faculdade, da escola... Pessoas que já ouviram o nome de Jesus, mas ainda não descobriram a riqueza do encontro pessoal com Ele. Quem vai evangelizar essas pessoas? Ora! Você! Sim! Você também é missionário no lugar onde você está, e nada melhor do que viver uma vida de santidade e testemunhar o amor de Deus para converter as pessoas. Mas atenção: santidade nada tem a ver com não pecar, mas o santo é um pecador que nunca se deixou vencer pelo pecado.
Mas e você, não está disposto a aceitar esse desafio também? Que tal se deixar tocar pelo Espírito e ser enviado em missão? Afinal, se você é batizado e faz parte da Igreja de Cristo isto já está no seu DNA!
Padre Renato Oliveira